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Angiostrongylus cantonensis |
O Angiostrongylus cantonensis,
parasita de roedores, pode causar meningoencefalite eosinofílica nos seres
humanos. Muita gente já conhece este
nome, associando-o, diretamente ao exótico invasor, o Caracol Africano.
Este parasita foi descrito pela primeira vez na
China e atualmente encontrado em várias ilhas do Pacífico, Ásia, Austrália,
África, algumas ilhas do Caribe e mais recentemente nas Américas.
Um recente trabalho relatou a variabilidade
genética entre A. cantonensis isolados de diferentes localizações geográficas
no Brasil usando o sequenciamento genético.
Os parasitos (A. cantonensis) isolados foram
obtidos a partir de diferentes localizações geográficas do Brasil.
O material genético foi extraído, amplificado por reação
de polimerase, purificado e sequenciado e como resultado, a variação genética
observada entre os parasitas isolados no Brasil apoia a hipótese de que o
aparecimento de A. cantonensis no Brasil é provavelmente um resultado de
introduções múltiplas de ratos parasitados pelo verme, transportados em navios
devido ao comércio ativo entre a África e a Ásia, durante o período de colonização europeia
no Brasil e ponto final!
O trabalho é importantíssimo e esclarecedor, pois pela primeira vez, esta hipótese está sendo confirmada. No entanto, associar a presença do Achatina fulica como a principal causa da propagação de meningoencefalite eosinofílica, simplesmente, que apresentou somente 6 casos até hoje no país e nenhum deles causados pelo Africano, sem levar em conta o que narra Chrosciechowski (1977) é uma falha. Chrosciechowski (1977) comenta da falta de especificidade do A. cantonensis em relação aos seus hospedeiros intermediários e paratênicos, citando uma longa lista de moluscos gastrópodes terrestres e de água doce (caramujos, caracóis e lesmas) capazes de se infectar por via natural ou experimental, hospedando larvas infectantes deste perigoso parasito de roedores.
Vale a pena citar também que, entre outubro de 2007 a março de 2008, segundo Shang Lv, et al. (2009), houve uma epidemia de Meningite Eosinofílica, em Dali, na China, com 19 casos clinicamente confirmados e 22 suspeitos. O responsável por esta epidemia não foi o Africano, foi um caramujo exótico invasor de origem brasileira, o Pomacea canaliculata que, nos últimos 10 anos, vem assumindo uma importância cada vez maior na transmissão dessa doença na Ásia. Devemos ressaltar ainda que, nesses países, existe o hábito de se comer caracóis crus ou mal cozidos. O cozimento de caracóis, por um mínimo de 15 minutos em panela de pressão acaba com qualquer risco de transmissão de vermes novivos à saúde!
Fonte:
CCMONT, Tainá et al. Phylogenetic relationship of the Brazilian
isolates of the rat lungworm Angiostrongylus cantonensis (Nematoda:
Metastrongylidae) employing mitochondrial COI gene sequence data. Parasites
& Vectors, Brasil, 2012. Disponível em: <http://www.parasitesandvectors.com/content/pdf/1756-3305-5-248.pdf;.
Acesso em: 09 nov. 2012.
CHROSCIECHOWSKI,
Przemyslaw. Angiostrongylus cantonensis
(Nematoda). Una amenaza potencial. Bol. Dir. Malariol. Y San. Amb., Maracay, Venezuela, p. 295-299.
dez. 1977.
SHANG Lv, et.al. Human Angiostrongyliasis outbreak in
Dali, China. PLOS Neglected
Tropical Diseases. Setembro de 2009, vol. 3, p. 1-7.
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