Achatina
fulica é vítima da soberba humana
“Nunca antes na história desse país”, parafraseando o
ex-presidente José Inácio Lula da Silva, alguns “pesquisadores”, a “imprensa
despreparada” e os órgãos governamentais fizeram tanto contra a malacofauna
(caramujos, caracóis e lesmas) do que nas últimas décadas. Se você não entendeu
como isso se deu, deixe-me explicar. Sob a alegação de ser transmissor de
graves doenças; uma das 100 piores pragas agrícolas do planeta e um grave risco
ambiental, há pouco mais de duas décadas, alguns pesquisadores aliados à
imprensa, pressionaram tanto o IBAMA, que conseguiram, mesmo contrariando o
parecer de uma comissão paulista de alto nível coordenada pela pesquisadora
Vera Lobão, proibir a criação do Caracol Africano (Achatina fulica) no Brasil.
O que essas “mentes brilhantes” não previram foi que, os
criadores brasileiros, que investiram tempo, dinheiro e esperança nessa criação
fossem ficar revoltados quando se viram, de uma hora para outra, sob a
impiedosa espada da justiça, com prazo para encerrarem as atividades sob o
risco de prisão. A conclusão não poderia ser mais obvia; esses criadores,
simplesmente, jogaram fora os seus plantéis pelo Brasil, gerando uma invasão
sem precedentes na história brasileira.
As infestações frequentes, especialmente no período chuvoso,
constituíram prato cheio para a imprensa que, orientada por publicações
alarmistas, criaram o pânico junto à população influenciável. Esta foi a amarga
receita elaborada com ingredientes fartos em nossa cultura: a maledicência, a
ignorância e a prepotência.
Mas o que há de verdade sobre o Africano nesses 24 anos de
Brasil desde a sua criminosa introdução no país? “A verdade é que um brasileiro
tem mais chances de ser atingido por um raio, ganhar na loteria, sofrer um
acidente de avião ou ser atacado por um tubarão, do que contrair uma
enfermidade no Brasil graças ao Africano”.
(AGUDO-PADRÓN, I & AQUINO, M, 2011)
A única destruição ambiental ainda hoje comprovada é a
antrópica e o ataque às lavouras, só se ouve falar em Sergipe, onde o Africano
é confundido com espécies nativas por técnicos agropecuários e a imprensa, como
se pode ler no link: http://projetocaramujoafricano.blogspot.com.br/2012/10/sergipe-problema-serio-com-globo.html.
Na verdade, os únicos prejudicados foram os representantes da malacofauna
nativa ameaçada de extinção que, a exemplo da pichação de judas, são os alvos
preferidos da população apavorada.
De acordo com Agudo (2012) são pelo menos três as Famílias de
caracóis endêmicos, amplamente confundidos e ameaçados de extinção pelas
desastrosas Campanhas Públicas em prol da erradicação do caracol exótico
gigante africano de vida asselvajada no Brasil. São elas a MEGALOBULIMIDAE, a
STROPHOCHEILIDAE e a BULIMULIDAE. Os caracóis mais confundidos, devido ao seu
tamanho avantajado, pertencem aos gêneros Megalobulimus (MEGALOBULIMIDAE),
Thaumatus e Orthalicus (BULIMULIDAE) que, apesar de fenotipicamente distintos,
também são alvos desta violência desmedida instigada pelo preconceito,
evidenciando, claramente, a urgência contra esta situação descontrolada.
O uso deste molusco como alternativa alimentar para
comunidades de baixa renda, contribuirá para minimizar a subnutrição, para
manter a sua população sob controle no ambiente e ainda para a conservação da
natureza, pois desviará a atenção dos animais silvestres (pacas, tatus, cutias,
gambás, cuícas, saguis, macacos, veados, catetos, capivaras...) que hoje
constituem um importante complemento alimentar utilizado em muitas comunidades
rurais.
No estado de Alagoas, o Aruá (Pomacea sp), uma espécie de
caramujo nativo, é preparada por
rurícolas seguindo a tradicional receita de moqueca, ao leite de coco e é
considerada uma iguaria. O Caracol Africano após um jejum de cinco dias e um
cozimento por 15 a 20 minutos em panela de pressão, pode se tornar uma
abundante e deliciosa matéria-prima para a elaboração de dezenas de receitas,
contribuindo para minimizar a fome das populações mais carentes, mas para isso,
só precisamos de um pouco de bom senso e menos soberba.
Fontes:
AGUDO-PADRÓN,
Ignacio & AQUINO, Mauricio. Aliança
pela Vida: O Caracol Africano, de problema a solução! Informativo de
Utilidade Pública - Novembro de 2011. Disponível em: <http://smtpilimitado.com/kennel/AliancapelaVida.pdf>.
Acesso em: 09/11/2012.
AQUINO,
Mauricio. Um exemplo flagrante de
desserviço da rede globo em Sergipe contra a malacofauna nativa: e aí IBAMA?
Blog CaracolAfricano. Disponível em: <http://projetocaramujoafricano.blogspot.com.br/2012/10/sergipe-problema-serio-com-globo.html>
Acesso em: 09-11-2012
AGUDO-PADRÓN, Ignacio. South American dangerous environmental
controversy: combat to the invasive exotic snail Achatina (Lissachatina) fulica
in wildlife v/s conservation of threatened native and endemic neotropical land
snails. Informativo de Utilidade Pública Nº 2 / 2012 Disponível em: <http://www.smtpilimitado.com/kennel/U.P.2-2012.pdf>
Acesso em: 09-11-2012
Preciado Dr. Mauricio. ya se ha falado moito tempo de los preconceptos qui existen em Brazil sobre escaramujo Pra poder comerlo debe ser sometido a dieta de cereales y cocinar por si ten enfermedades, moito bem para preparar diversas receitas. Os Aruas do Mato son comestibles anque tamben deben ser purgados con cereales y cocinados adecuadamente.Elida Milanellio.
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