Tuesday, February 28, 2012

CARTA DO LEITOR


De: Lendas Quatrocantos [mailto:lendas@quatrocantos.com]
Enviada em: quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012 19:06
Para: Projeto@CaramujoAfricano.com
Assunto: Caramujos africanos, brasileiros e os preconceitos

Olá,
conheço os caramujos africanos desde que morava no Recife.
Meu irmão começou uma criação deles e, por alguma razão, desistiu do projeto. Hoje, morando no sertão da Bahia, cidade de Campo Formoso, vejo os Achatina fulica a passear pelo jardim. Desconheço os hábitos deles, mas sei que basta uma chuva mais forte para eles saírem  do esconderijo. Quando isso acontece, mando o nosso ajudante pegar todos eles, botar num saco e jogar sal. Os bichos morrem em pouco tempo. Pura maldade? Pode ser, mas suspeitamos, eu e minha mulher, que eles comem as plantas do jardim. Talvez os fulicas nem sejam vegetarianos. (Favor esclarecer 
nossas suspeitas.
1. Circulam rumores de que os caramujos transmitem doenças e a "baba" que eles produzem são capazes de provocar o surgimento de fungos nas unhas. 
R:. Mais um belo exemplo de crendice biológica. Fique tranquilo, isto não procede.
2. Conheço, desde criança, um parente do Achatina que chamamos de aruá. Os aruás vivem, ou viviam, no riacho do engenho onde nasci. Creio que a poluição dos riachos da Zona da Mata de Pernambuco já destruíram todos eles. Jamais comi um aruá, mas quando, por acaso,um deles, mais graúdo,  era surpreendido no riacho, ele ia parar napanela e comido com satisfação pela empregada lá de casa. Me lembro que enquanto estava sendo cozinhado, ele parecia chiar e até existe o ditado "Besta que nem aruá que canta enquanto está sendo cozido". Preconceitos alimentares.
R:. Preconceito alimentar... é exatamente isto.
3. Não passo em branco pelos preconceitos alimentares e o meu é não comer aruás e caramujos, inclusive os Achatina fulica. Qual a razão? Nenhuma razão, pois preconceito é irracional e, a esta altura da vida, me reservo o direito de ter o meu preconceito. Apenas um. Acho que esse é o único.
Aqui onde moro, por exemplo, poucas pessoas comem carne de coelho. Tínhamos pequena criação desses simpáticos peludos e apenas uma pessoa daqui aceitou experimentar um pouco da carne dele. Comemos vários Coelhinhos brancos sob o olhar enviesado de pessoas que não comem esse animal ou porque são bonitinhos ou então porque dizem que o coelho foi criado por Deus, mas não como alimento. Está na Bíblia. Não encontro nenhuma referência no Livro e não discuto questões de dogmas. Tudo isso é para dizer que, partir do texto de sua autoria, passo a reconhecer a importância alimentar do caramujo e, havendo mudança de olhar em relação aos Achatina fulica, eles poderão integrar o cardápio das pessoas. 
A região de Campo Formoso é uma das mais pobres da Bahia, que é um dos estados mais pobres da federação. Havendo tal mudança nos hábitos alimentares, não há dúvida de que o nível de desnutrição poderá ser reduzido um pouco. Não é A solução de todos os problemas alimentares, mas uma ajuda para tratá-los.  
R:. Preconceito neste caso é responsável por muitas mortes por desnutrição. 
Em nossas páginas de Lendas e Folclore da Internet comentamos diversas lendas que percorrem a web, desde aquelas que já existiam antes da Internet até aquelas que foram criadas após o seu advento. 
http://www.quatrocantos.com/lendas
Já recebi, mais de uma vez, mensagens sobre a malacologia e elas sempre caem na minha caixa de spam. Desta vez, tirei a mensagem de lá, olhei mais atentamente o seu conteúdo e visitei o 
http://projetocaramujoafricano.blogspot.com/. 
Os argumentos me pareceram coerentes e gostaria de poder mencionar 
a recusa de comer esses animais como mais um preconceito e mais 
uma lenda a percorrer o Brasil. (Eu me incluo entre os preconceituosos e, aos Achatina e aruás, acrescento a tanajura.


Gevilacio A. C. de Moura
Quatrocantos.com

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