Mauricio Aquino MV.
Sinceramente não sei o que incomoda mais alguns pesquisadores; se é o
meu livre arbítrio em favor do uso racional do Africano, transformando um
aparente problema numa solução ou se é a minha petulância, enquanto estudante,
em contrariar o Episcopado Malacológico com sugestões tão óbvias.
Semana passada eu enviei, inocentemente, um resumo em inglês do artigo
base de nossa campanha Aliança pela Vida, para um informativo Havaiano que
se predispôs a incentivar, em 2012, projetos em prol da conservação
dos moluscos no planeta. O interessante foi que, além da publicação ter sido recusada, ainda tive que ler um e-mail mesclado de cinismo e grosseria! Quem já
teve uma publicação negada (o que é normal) sabe que o processo não é bem assim. O e-mail veio carregado de negatividade pessoal!
Eu não sou malacologista, sou extensionista e ambientalista, com uma
significativa lista de trabalhos conservacionistas prestados às comunidades rurais, realmente carentes no nordeste e já recebi,
com certeza, ofensas muito piores na década de 80, de degradadores ambientais, realmente poderosos,
que não viviam entrincheirados ofendendo pessoas por trás de ilusórios castelos de cartas em feudos universitários e governamentais.
Gostaria, portanto, de compartilhar alguns dos questionamentos e das minhas respostas, para
auxiliar, inclusive, quem vier a se deparar com este tipo de argumentação no
futuro.
As perguntas:
1.How much
Money is being spent on control of A. fulica?
Quanto
dinheiro o governo brasileiro está gastando com as campanhas terroríficas
contra o Africano?
R. Esta é difícil de responder, já que não sou da cúpula da
política nacional. Mas de uma coisa eu sei, o Brasil é o maior país da América
Latina e o quinto maior país do mundo em área territorial (47% do território
sul-americano) com seus 7.491 Km² e uma
população de quase 200 milhões de habitantes; são 5565 municípios distribuídos
entre 26 estados, portanto, não é uma Miame onde se gastou 1 milhão de dólares
para erradicar o Africano há décadas atrás. Pena que tenha voltado.
2. Is this sufficient Money to save hundreds of lives if
spent on reducing malnutrition?
O
dinheiro gasto com as campanhas seria suficiente para salvar milhares de vidas
perdidas com a subnutrição?
R. E quanto dinheiro é preciso para minimizar a subnutrição, ou melhor, salvar uma vida das garras da morte? De acordo com Martins (2009, p.1) o Brasil é o quarto maior produtor mundial de alimentos, produzindo 25.7% a mais do que necessita para alimentar sua população, no entanto, ele ocupa o 6° lugar em subnutrição. Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que anualmente desperdiçamos o suficiente para alimentar 35 milhões dos cerca de 72 milhões de brasileiros, segundo o IBGE, em situação de insegurança alimentar (ECODEBATES, 2009). De acordo com a FUNDAMIG (2009, p.1) o desperdício diário equivale a 39 mil toneladas de alimentos, o suficiente para saciar a fome de 19 milhões de brasileiros, com as três refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar. O que precisamos é de vontade política (vergonha da cara) para salvar o Brasil que a imprensa turística não divulga.
R. E quanto dinheiro é preciso para minimizar a subnutrição, ou melhor, salvar uma vida das garras da morte? De acordo com Martins (2009, p.1) o Brasil é o quarto maior produtor mundial de alimentos, produzindo 25.7% a mais do que necessita para alimentar sua população, no entanto, ele ocupa o 6° lugar em subnutrição. Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que anualmente desperdiçamos o suficiente para alimentar 35 milhões dos cerca de 72 milhões de brasileiros, segundo o IBGE, em situação de insegurança alimentar (ECODEBATES, 2009). De acordo com a FUNDAMIG (2009, p.1) o desperdício diário equivale a 39 mil toneladas de alimentos, o suficiente para saciar a fome de 19 milhões de brasileiros, com as três refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar. O que precisamos é de vontade política (vergonha da cara) para salvar o Brasil que a imprensa turística não divulga.
MARTINS,
F. ONU Avalia que a fome no mundo cresceu: Combinação de crise alimentar com a
desaceleração econômica global fez com que esse número aumentasse em 2009.
Espaço Cidadania. Disponível em: Acesso em: 26 set. 2011.
ECODEBATE.
Volume de alimentos desperdiçados no país alimentaria 35 milhões de pessoas.
Disponível em: Acesso em: 26/09/2011.
FUNDAMIG.
A lixeira não sente fome. Disponível
em: Acesso em: 28/09/2011
3. How do you know that A. cantonensis was introduced
to Brazil by rats and not by snails?
Como
você sabe que o A. cantonensis foi introduzido no Brasil por ratos e não por
caracóis?
R. Essa é fácil. “A distribuição silvestre do A. cantonensis no
Brasil é provavelmente o resultado de múltiplas introduções do parasita,
carreados por ratos, durante o período do Brasil Colônia. A descoberta de A.
cantonensis na municipalidade situada longe do litoral, na região do vale do
rio Paraíba e a observação da variabilidade morfológica intraespecífica dos
vermes adultos, corrobora para essa hipótese.” (JÚNIOR, 2010, p.940)*
* JÚNIOR, A. M.
et al. 2010. First report of Angiostrongylus cantonensis (Nematoda:
Metastrongylidae) in Achatina fulica (Mollusca: Gastropoda) from Southeast and
South Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,
105(7): 938-941. Disponível em: Acesso em: 23 set. 2011.
"Quando falamos de epidemias na história do Brasil, a primeira a ser lembrada é a febre amarela. Transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, chegou ao Brasil no século XVII em navios que vinham da África. Os primeiros casos datam de 1685, no Recife, e de 1692, na cidade de Salvador." (APRENDEBRASIL, 2011, p.1)
PORTAL APRENDE BRASIL. As epidemias. Disponível em: <http://www.aprendebrasil.com.br/especiais/revoltadavacina/epidemias.asp> Acesso em: 06/12/2011
"Quando falamos de epidemias na história do Brasil, a primeira a ser lembrada é a febre amarela. Transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, chegou ao Brasil no século XVII em navios que vinham da África. Os primeiros casos datam de 1685, no Recife, e de 1692, na cidade de Salvador." (APRENDEBRASIL, 2011, p.1)
PORTAL APRENDE BRASIL. As epidemias. Disponível em: <http://www.aprendebrasil.com.br/especiais/revoltadavacina/epidemias.asp> Acesso em: 06/12/2011
4. How do you
know when A. cantonensis was introduced?
Como
você sabe que o A. cantonensis foi introduzido no Brasil?
R. Já que a questão 3 não foi suficiente, vamos usar a velha e boa massa
cinzenta, afinal, é para isso que ela serve.
Ex:. Caracóis
Africanos + A. cantonensis = Infestação por Caracóis contaminados.
Já que as evidencias demonstram que o nematódeo já está no país há
séculos, de acordo com Junior (2010, p. 940) e o Africano está no país há
apenas 24 anos, eu posso concluir que o nematódeo foi introduzido pelo seu
hospedeiro definitivo, os ratos, abundantes nos porões insalubres dos navios
negreiros. Há alguma heresia nessa conclusão com exceção do reconhecimento da escravidão?
Ou alguém é ingênuo em acreditar que os ratos naquela época eram livres de parasitos?
5.Whether A.
cantonensis was introduced withA. fulica, rats or other snails is not
relevant. The fact is that A. cantonensis in now in Brasil. From a
disease perspective it does not matter how it was introduced. It is present and
A. fulica can certainly carry it.
Aqui
temos uma afirmação, não uma pergunta. Resumindo tudo... o importante é que o
agente etiológico está no Brasil... e o Africano pode ser vetor.
R. “É surpreendente a falta de especificidade do A.
cantonensis em relação aos seus hospedeiros intermediários e de seus
portadores. Diversos autores: Alicata (1), Kocan (12), Lim & Heyneman (13),
Malek & Cheng (14), Rachford (15), Richards & Merritt (17), etc.,
apresentam uma longa lista de moluscos gastrópodes terrestres e de água doce,
caracóis e lesmas, infectados por via natural ou experimental, hospedando
larvas infectantes em sua terceira fase. Entre esses moluscos encontramos
também diferentes espécies venezuelanas; por exemplo, Biomphalaria
glabrata, conhecido como o hospedeiro intermediário de Schistosama
mansoni, ao ser exposto em laboratório, resultou ser um excelente hospedeiro
intermediário de A. cantonensis. E há que ter em mente que a lista de
espécies de moluscos susceptíveis seguirá ampliando-se, a medida que se
realizem novos experimentos. [...]Em seu ciclo normal, as larvas de terceiro
estágio podem utilizar hospedeiros paratênicos, que dizer animais em cujo
organismo pode sobreviver um período mais ou menos prolongado, sem sofrer
nenhuma mudança. O hospedeiro paratênico, ao ingerir um molusco infectado ou
seus despojos, se torna reservatório de A. cantonensis. Também as plantas
(por exemplo, as verduras cruas) e a água podem ser reservatórios ocasionais,
por contato com um molusco triturado. Deste modo os roedores e também o homem
podem infectar-se mediante ingestão tanto do hospedeiro intermediário
(molusco), como de qualquer outro reservatório.” (CHROSCIECHOWSKI, 1977)
CHROSCIECHOWSKI,
Przemyslaw. Angiostrongylus cantonensis (Nematoda). Una amenaza potencial. Bol.
Dir. Malariol. Y San. Amb., Maracay, Venezuela, p. 295-299. dez. 1977.
6. How do you know that A. cantonensis was present in Brazil
long before the A. fulica was introduced? Certainly Angiostrongylus
costaricensis was – that we know.
Como você sabe que o A. cantonensis está no Brasil antes do A. fulica ser introduzido? Certamente o A. costaricensis está, isso nós sabemos.
R. Leia a resposta da questão 4. Não há necessidade de ficar me repetindo.
Como você sabe que o A. cantonensis está no Brasil antes do A. fulica ser introduzido? Certamente o A. costaricensis está, isso nós sabemos.
R. Leia a resposta da questão 4. Não há necessidade de ficar me repetindo.
Sinceramente, não
vejo o porquê de tanta polêmica contra o aproveitamento do Africano para a
preservação dos nativos.
Se eu estivesse recomendando a introdução de outro caracol exótico para combater o Africano, que certamente, traria conseqüências desastrosas, eu até entenderia. Onde foi praticada esta sandice mesmo???Ah!!! Me lembrei. No HAWAI!!!
Mas sabe o que mais me surpreende em toda essa história? A arrogância de certos “pesquisadores” que se acham no direito de cercear a liberdade científica. Ainda bem que não nasci na idade média, já pensou? Lá não tinha internet!!!
Se eu estivesse recomendando a introdução de outro caracol exótico para combater o Africano, que certamente, traria conseqüências desastrosas, eu até entenderia. Onde foi praticada esta sandice mesmo???Ah!!! Me lembrei. No HAWAI!!!
Mas sabe o que mais me surpreende em toda essa história? A arrogância de certos “pesquisadores” que se acham no direito de cercear a liberdade científica. Ainda bem que não nasci na idade média, já pensou? Lá não tinha internet!!!
Abaixo o texto da
discórdia.
APOIO INTERNACIONAL
Dra. Liboria Matinela, Venezuela
Mauricio,
Es posible que tu artículo fue rechazado para evitar opacar otras pesquisas. Ciertos investigadores ponen una barrera a su línea de investigación y no aceptarán nunca que la Angiostrongilosis fue introducida con las ratas mucho antes que el caracol africano apareciera. Existen evidencias firmes que la lista de especies susceptibles es extensa. La ciencia es libre, por lo tanto las investigaciones innovadoras productivas y aplicables despiertan el interés, mientras que otras pueden ser aburridas. ¿Qué explicación se puede tener cuando introducen en Venezuela especies como Thiara spp. para controlar a Biomphalaria glabrata y provocan la instalación de la Paragonimosis? Las Instituciones de salud han conformado una alianza internacional en contra de Achatina, actualmente han olvidado otras patologías presentes en nuestros países desde muchos años, a ellos se suman los medios de comunicación que disfrutan cuando un grupo de personas enferman para atribuir cualquiera dolencia al caracol negro y africano.
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