Dra Liboria Matinella, Bióloga da Venezuela, me enviou este mês um artigo que, entre outras a coisas, descrevia a surpreendente falta de especificidade do A. cantonensis em relação
aos seus hospedeiros intermediários e paratênicos citando uma longa lista de moluscos gastrópodes
terrestres e de água doce (caramujos, caracóis e lesmas) capazes de se infectar
por via natural ou experimental, hospedando larvas infectantes deste perigoso
parasito de roedores.
Entre esses hospedeiros, por exemplo, temos o Biomphalaria glabrata, conhecido como o hospedeiro intermediário de Schistosama mansoni, que ao ser exposto em laboratório comportou-se como um excelente hospedeiro intermediário para o A. cantonensis.
Entre esses hospedeiros, por exemplo, temos o Biomphalaria glabrata, conhecido como o hospedeiro intermediário de Schistosama mansoni, que ao ser exposto em laboratório comportou-se como um excelente hospedeiro intermediário para o A. cantonensis.
Resumindo o
conteúdo deste trabalho fica explicito que, além do Achatina fulica, existe
uma grande quantidade de moluscos nativos, brasileiros, que também podem
hospedar o verme A. cantonensis e A. costaricensis, causadores da
Meningite Eosinofílica e Angiostrongilíase Abdominal, respectivamente.
Nesse artigo, o
autor comentou, inclusive, que a lista de espécies suscetíveis irá ampliar-se à medida que forem realizados novos experimentos.
A contribuição deste trabalho é muito significativa e contemporanea, agora imagine a minha surpresa ao
saber que ela foi publicada em Maracay, Venezuela, em 1977.
Essas informações, pelo menos para mim, um mestrando de uma universidade nordestina, foi uma grande surpresa,
mas tenho quase certeza que para alguns doutores renomados do sul e sudeste brasileiro, responsáveis pela “malacofobia
no Brasil”, este fato não deve ter passado desapercebido.
É difícil entender como uma informação dessa magnitude, publicada há 35 anos, não tenha sido repassada ao grande público através dos meios
de comunicação utilizados maciçamente para difundir tantas calúnias
específicas apenas contra o Africano que, até o momento, não foi responsável por uma única zoonose no país até outubro de 2011. Interessante que até os asiáticos vem publicando matérias "inéditas" sobre estes fatos conhecidos há décadas como novidade.
E enquanto brincamos de "verdade ou mentira", discutindo o mérito sobre o valor real nutricional dos Africanos ou em como esta praga pode ajudar a salvar vidas no Brasil, eles são disputados como iguaria no outro lado do planeta a muitos anos.
Na África, a criação de caracóis constitui uma boa
alternativa agrícola acessória, ajudando a fertilizar o solo para o cultivo de
outras culturas; alimentando o homem e seus rebanhos, podendo servir de alimento até para porcos, não sendo necessário nem retirar suas conchas, apenas cozinhá-los bem.
Em alguns países deste continente existem muitas criações caseiras para o consumo familiar, improvisadas em caixas de madeiras, viveiros, buracos no solo tipo trincheiras, etc.
Para protegê-los de predadores como ratos, lagartos, centopéias e formigas, a comunidade utiliza folhas de neem (Azadirachta indica A. Juss) ou de tabaco (Nicotiana sp.) que ajudam a impedir a ação dos predadores naturais.
As criações são tão importantes para a cultura alimentar local que os criatórios são instalados, obrigatoriamente, próximas as casas, para impedir ou minimizar a ação de ladrões.
O Centro de Pesquisa francês (CIRAD), ligado a questões internacionais de agricultura e desenvolvimento (www.cirad.fr), com representações em diversos países, vem desenvolvendo métodos para a criação de caracóis nativos da espécie Placostylus fribratus, a fim de preservar as populações selvagens, muito exauridas pelo excesso de exploração. Nos últimos cinco anos, estima-se que os estoques foram reduzidos em 45%.
O caracol Placostylus fibratus Martyn, 1789 é uma
espécie de gastrópode florestal representante da Família BULIMULIDAE Tryon, 1896, endémica de Nova
Caledónia reconhecidamente AMEAÇADA e uma importante fonte de proteínas e renda para diversas comunidades e simplesmente proibir a sua coleta na natureza é praticamente impossível!
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Caled%C3%B3nia)
(http://www.iucnredlist.org/apps/redlist/details/17451/0)
(http://en.wikipedia.org/wiki/Placostylus_fibratus)
Através do desenvolvimento da criação dessa espécie, as populações naturais poderão ser conservadas, assim como o hábito alimentar da população, garantindo, ainda, uma importante fonte de renda para muitas famílias.
Enquanto isso, no Brasil, uma minoria intelectualizada quer determinar a origem das proteínas que os subnutridos famintos podem ou não podem comer, enquanto muitos morrem ou tem o seu desenvolvimento físico e cognitivo seriamente comprometido; mas "picanha" que é bom, essa, ninguém dá! "Quosque tandem abutare Catilina patientia nostra?"
Referências:
E enquanto brincamos de "verdade ou mentira", discutindo o mérito sobre o valor real nutricional dos Africanos ou em como esta praga pode ajudar a salvar vidas no Brasil, eles são disputados como iguaria no outro lado do planeta a muitos anos.
Achatina (Achatina) achatina (Linnaeus, 1758) |
Em alguns países deste continente existem muitas criações caseiras para o consumo familiar, improvisadas em caixas de madeiras, viveiros, buracos no solo tipo trincheiras, etc.
Para protegê-los de predadores como ratos, lagartos, centopéias e formigas, a comunidade utiliza folhas de neem (Azadirachta indica A. Juss) ou de tabaco (Nicotiana sp.) que ajudam a impedir a ação dos predadores naturais.
As criações são tão importantes para a cultura alimentar local que os criatórios são instalados, obrigatoriamente, próximas as casas, para impedir ou minimizar a ação de ladrões.
Mazaroppi, um dos maiores atores desse país. |
Placostylus fibratus Martyn, 1789 |
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Caled%C3%B3nia)
(http://www.iucnredlist.org/apps/redlist/details/17451/0)
(http://en.wikipedia.org/wiki/Placostylus_fibratus)
Através do desenvolvimento da criação dessa espécie, as populações naturais poderão ser conservadas, assim como o hábito alimentar da população, garantindo, ainda, uma importante fonte de renda para muitas famílias.
Enquanto isso, no Brasil, uma minoria intelectualizada quer determinar a origem das proteínas que os subnutridos famintos podem ou não podem comer, enquanto muitos morrem ou tem o seu desenvolvimento físico e cognitivo seriamente comprometido; mas "picanha" que é bom, essa, ninguém dá! "Quosque tandem abutare Catilina patientia nostra?"
Referências:
CHROSCIECHOWSKI, Przemyslaw. Angiostrongylus cantonensis (Nematoda). Una amenaza potencial. Bol.
Dir. Malariol. Y San. Amb., Maracay, Venezuela,
p. 295-299. dez. 1977.
NEW AGRICULTURIST. Gastronomic gastropods. Disponível em:<http://www.new-ag.info/99-3/focuson/focuson3.html>; Acesso em: 12/10/2011
Hola Mauricio, leí el comentario sobre el artículo que te envié
ReplyDeletecomo puedes ver la falta de especificidad del parásito, sin embargo
todos culpan a Achatina. Esa normativa de prohibir la crianza de
los caracoles es una burla a las investigaciones del futuro, que bien
son la solución al problema del hambre a nivel mundial, entre otras.
Entonces surgirá un desequilibrio en la naturaleza incontrolable, por
cuanto están eliminando las especies originarias de cada país.
Liboria matinella.
Venezuela.