Wednesday, February 20, 2013

ISTO É FAZER CIÊNCIA? CIENTISTA NÃO PODE TER PRECONCEITO.




Esta semana eu tive o desprazer de ler um trabalho que, em suas considerações finais, fazia as seguintes declarações sobre o Africano:

“Não foram encontradas larvas de Angiostrongylus sp. ou de outros nematoides de importância médico-veterinária nos espécimes coletados e analisados no presente estudo. Carvalho et al. (2003) sugerem que A. fulica apresenta baixo potencial de transmissão para angiostrongilíase. Porém, um estudo epidemiológico realizado em Pernambuco mostrou sua participação ativa na transmissão da doença (THIENGO et al., 2010)”.

SINCERAMENTE, NÃO SEI DE ONDE OS AUTORES DESTE TRABALHO, QUE NEM PUBLICADO OFICIALMENTE FOI (MARÇO DE 2013) TIRARAM ISSO JÁ QUE, ATÉ HOJE NO PAÍS, O AFRICANO NÃO TRANSMITIU UMA ÚNICA ENFERMIDADE!!!

Mais para frente o texto continua: 

“[...] destacando-se a existência de registros de dois casos de meningite eosinofílica no estado do Espírito Santo (CALDEIRA et al., 2007) e um em Pernambuco (LIMA et al., 2009). Nesses casos, no entanto, não foi confirmada a participação de A. fulica nas infecções”. 

Agora fiquei confuso novamente, se aqui não foi confirmada a sua culpa, como é que acima se afirma a sua participação ativa na transmissão da doença??? 

Correção: 

No Espírito Santo foram relatados pelo menos, 4 casos de meningite eosinofílica até hoje. Os dois primeiros provocados por um parasito  frequentemente encontrado nas fezes de cães, o Toxocaras sp. E os terceiro e quarto casos foram provocados por uma lesma. 
Já em Pernambuco, houve dois casos com intervalo de poucos meses e em ambos, a transmissão se deu por um caramujo nativo do gênero Pomacea sp.
Este tipo de “equívoco” infelizmente é frequente. 
Eu mesmo já li há alguns meses atrás, um outro trabalho goiano onde você, leitor, jura que o Africano estava por lá causando muitos óbitos, quando na verdade, de fato, não acharam nenhum caracol contaminado com o A. cantonensis  e A. costaricensis.
O problema é que muitos trabalhos científicos dos "especialistas" são escritos sem a devida ênfase aos verdadeiros hospedeiros intermediários responsáveis pela transmissão dos casos de ME e carregados de uma enorme carga pessoal de preconceito contra o Caracol Africano
E me atrevo a dizer mais, esses poucos casos de ME descritos até hoje no Brasil, sem óbitos, 6 até onde eu sei,  provavelmente, só foram diagnosticados por conta do grandioso esforço dos especialistas em tentar cravar o seu nome na história malacológica nacional ao proclamarem para o mundo, com pioneirismo, a descoberta do primeiro caso brasileiro de ME transmitido pelo africano!
Enquanto isso, o que ninguém comenta é que, esse comportamento no mínimo anti-ético, só serve para elevar o status, para ameaçados, de muitas espécies de moluscos nativos que atualmente já beiram a extinção, porque hoje são caçados com tochas e forcados pela população desorientada e em alguns casos, até com a ajuda do exército brasileiro, como em Penedo - Alagoas, verdade?
É para isso que pagamos impostos exorbitantes? 
Para lermos trabalhos tendenciosos de instituições do governo que só servem para confundir pesquisadores menos atentos e levarem o medo e a insegurança à população???
Agora eu me pergunto, isso é fazer ciência?

Mauricio Aquino
Médico Veterinário
Mestrando em Ciência da Saúde pela UFAL

Fonte: + DURÇO, E., et al. Conhecimento popular: impactos e métodos de controle de Achatina fulica em Valença – RJ, Brasil. Biotemas, Florianópolis, 26(1): 189-196. Março de 2013. www.smtpilimitado.com/kennel/polemico.pdf

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